terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Coluna

Os frutos Albuquerque


Afinal, o que faz com que primos que moram tão distantes, que vivem rotinas diferentes e que possuem amizades em suas cidades deixarem a programação de suas turmas para curtir momentos com os parentes que só veem duas vezes por ano, e as vezes nem isso?

Por que a reunião com os “Albuquerque Rosa” é tão esperada, desejada e querida por todos?

Por que todos sabemos o nome de cada primo, de cada tio, de cada sobrinho, por mais que eles morem tão longe?

Por que sabemos quem casou, quem formou, quem teve um filho, pra onde se mudaram, como se chama o novo membro da família?

Por que sabemos e participamos de tudo isso, se não faz parte da rotina, do dia-a-dia de nossas vidas, em nossas cidades, em nosso círculo de amizade ou de nossa vida profissional?

Normalmente, tudo isso acontece em lugares tão distantes, em estados diferentes, e por que não dizer, em outro país?

Porque nos movemos quilômetros e mais quilômetros para vermos o casamento de um, a formatura de outro ou o aniversário de alguém? Somos quase uma centena, espalhados cada vez mais?

Por que primos que se encontram tão pouco, mas quando estão juntos sentem-se parceiros, amigos e cúmplices? Dançam e fazem coreografias, como se tivessem ensaiados há dias e meses...

A resposta é o segredo da Buquecada: da família que cresce, se espalha, mas que jamais se distancia.

É uma questão cultural, enraizada pela brava (mas doce) e sábia vovó Carminha (que não tive a oportunidade de conhecer pessoalmente, mas que a conheço por seu legado).

Dizem os filhos, e aqui eu relato, que ela sempre fez questão de manter os irmãos em contato, mesmo quando saiam para estudar fora de Ubá.
Eram 11, espalhados em cada canto ... E todos sabiam e davam notícias de todos. E na maioria das vezes, através de cartas “cruzadas”, telefonemas constantes.

Nos feriados ou datas comemorativas, vovó Carminha fazia questão, dizem até que exigia, reunir em sua casa todos os irmão, os primos e amigos; e sentia prazer em deixar a festa rolar... Tudo sob seu criterioso olhar, é claro. (Meus primos, e não é o que acontece até hoje?)

E assim, vovó Carminha criou em seus filhos - verdadeiros irmãos - a união e a cumplicidade que precisavam para que todos pudessem prosseguir e caminhar, mesmo distantes um do outro, com o amor da família.

Essa semente, deixada pela matriarca guerreira, nunca mais se apagou entre os irmãos Albuquerque. "Na alegria ou na tristeza", todos sempre estiveram juntos!

E, sob este legado, os irmãos casaram, tiveram seus filhos e os criaram sob a mesma herança: “seja onde estiver e como estiver, todos são parte de uma grande família; nascida, criada e enraizada em Ubá - cidade pequena, do interior de Minas Gerais”.

Após a partida da vovó Carminha, os irmãos permaneceram unidos e reunidos, talvez ainda mais.

Carnavais planejados e animados com fantasias arquitetadas, via correio (via tia Leila), e a alegria e a animação do salão do clube Tabajara condecoradas e premiadas com troféus. Reuniões cortejadas e prestigiadas por dezenas de outros parentes.

Já casados, os irmãos vinham de longe, ou quase perto, trazendo na bagagem a saudade e o desejo de ver em seus filhos e esposas a alegria e a confraternização se perpetuarem na reunião familiar que sempre estiveram presentes nos reencontros de todos.

Sob este clima, este astral, este legado, os netos de Carminha, ainda pequenos, começaram a participar e a contagiar com a alegria de ver os pais reunidos, contando “causos” até madrugada, se fantasiando para o carnaval, organizando as festas e comemorações.

Mas a fase da adolescência dos filhos, nunca foi fácil. Fazer com que a reunião familiar ganhasse na competição com a programação dos amigos locais nunca foi tarefa fácil.

Mas, todos os filhos de Carminha sempre souberam que para que a família ficasse e permanecesse pra sempre, seria preciso um pouco da força da “matriarca” em cada um: só assim seria pssível ( como é) o encontro, a convivência, o gosto, o carinho e o amor em cada membro, em cada um da família, seja ele novo, velho, que more longe ou perto.

Assim, acredito e me esforço para isso, que há de se cultivar em nossos filhos a semente da vovó Carminha, para colher os frutos de uma família unida, alegre, festeira, guerreira e eterna!

Carminha tem muitos netos e bisnetos ..... e toda a família, triplicada, até hoje festeja e vive a mesma magia e alegria daquela reunião iniciada e cultivada por ela, com parentes distantes, de todos os graus, que se vêem tão pouco, mas com a mesma alegria, emoção e união!

Que venha logo a próxima Buquecada, pois já sinto saudades!!!!!!!!!

4 comentários:

  1. MARAAAAA!!
    ninguem melhor do que você para fazer esse relato familiar!
    amamos de chorar!! (andiara)

    beijos tia Soeli, Andiara, Danielle e Yasminni

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  2. Que coisa bonita ! Quem escreveu isso ? Puxa vida , Que Deus continue abencoando sempre todos esses ramos e frutos da familia Buquecada.
    Um grande abraco apertado a todos .. Cloer

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  3. Primeiramente, queria agradecer aos cometários de todos.

    Agora, quanto a pergunta de quem escreveu, tente você adivinhar!

    Quem escreveu? Pois bem, fui eu!

    Uma neta de Carminha.

    Não tive a oportunidade de conhecê-la pessoalmente, apenas por fotos e histórias.

    Nasci após 24 dias de seu falecimento. Nunca esqueci-me dessa data.

    Ela pensou em vários nomes para mim, mas minha mãe escolheu outro.

    Ela me viu crescendo na barriga de sua filha, deve ter curtido vários momentos: meus chutes, os enjôos que causei, as tonturas, o sono.

    Mas, infelizmente, não pode ver o parto, o meu nascimento.

    Ficamos, eu e ela, na vontade de nos conhecermos pessoalmente....

    24 dias nos separaram. Ela não pode sequer me ver, por tão poucos dias......

    Hoje ela tem dezenas de netos e alguns bisnetos... talvez eles não saibam ou sintam a mesma vontade que eu!

    Talvez, por isso, desde pequena escrevo para minha querida vó!

    Minha mãe sempre me disse que ela está a nos escutar e ajudar sempre. Assim, em minha orações, é a vó Carminha a quem me recorro!

    Eu sou Ariane, filha de Soeli e Sidney, neta de Carminha, por quem desde pequena sempre tive muito amor, sem que ao menos a conhecersse pessoalmente.

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  4. Puxa, só agora que pude ler este maravilhoso relato. Ainda bem que tive conhecimento dele.Quero parabenizar a voce Ariane. Tenho certeza que este dom de escrever foi herdado de sua vó Carminha, que em seus momentos de solidão, conseguia escrever seus acontecimentos.
    Mais uma vez parabens.
    Tios Ricardo e Rosana

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